“A Lenda do Gato Preto” chega ao FESTin

“A Lenda do Gato Preto” chega ao FESTin

Os ciganos e a moça que subia numa pedra a 190 metros de altura, sem ajuda de escada,  estão no filme rodado em cenário exuberante.

EmilianoQueiroz 250A vida dos ciganos em Quixadá (no Estado do Ceará) – uma das cidades mais bonitas do Brasil, considerada a “Hollywood do Sertão”, e terra da escritora brasileira Raquel de Queiroz – está retratada no filme A Lenda do Gato Preto, que será exibido nesta terça-feira, 10 de maio, às 20h30, no Cinema São Jorge. O realizador e produtor dessa ficção, Clébio Viriato Ribeiro, e alguns atores do filme estão em Lisboa para prestigiar a exibição e o festival. A longa foi apresentada na Indonésia, em janeiro de 2016, onde ganhou o Troféu Ouro do Prémio Internacional de Direitos Humanos – considerado o “Óscar” dos Direitos Humanos.

ClebioViriato-250Clébio Viriato mora em Fortaleza, mas nasceu em Quixadá – local onde também foram rodadas longas-metragens como A Morte Comanda o Cangaço, O Cangaceiro Trapalhão, Luzia Homem e Cine Holliúdy, além de diversas curtas. Segundo o cineasta, A Lenda do Gato Preto foi inspirado num fato real decorrido em Quixadá: na década de 1970, uma garota subia na pedra do Cruzeiro, com 190 metros de altura, com as mãos, sem ajuda de nenhum equipamento e dizia que era um gato que a puxava. Na mesma década, passaram muitos grupos de ciganos na cidade para troca de comércio. “Na minha infância, ouvi muito falarem sobre esses dois factos. Não cheguei a conhecer a menina, mas aos ciganos sim”. Clébio Viriato transformou os dois acontecimentos em ficção. O filme fala de preconceitos, intolerância e duma história de amor impossível entre um trapezista de circo, filho de ciganos, e a rapariga.

Na opinião do realizador, a cinematografia brasileira tem uma dívida grande com a etnia cigana, que muito importante para formação cultural do país. “Os poucos filmes que existem reforçam o estigma de que os ciganos são ladrões e velhacos”, comentou. Clébio Viriato tem o desejo de apresentar A Lenda do Gato Preto para ciganos. No Brasil, houve uma avant-première do filme no Festival Cine Ceará, em junho de 2015, seguida de exibições pontuais para pesquisa de opinião. “Comecei a inscrever o filme em festivais e estou em processo avançado de negociação com a Netflix Brasil para exibição nesse canal”.

Clébio Viriato levou sete anos para fazer A Lenda do Gato Preto, concluído em 2015, e um apoio importante foi o prémio adquirido no edital de cinema e vídeo da Secretaria de Cultura do Ceará. Aos 47 anos, formado em Jornalismo e Letras, o cineasta cearense participa pela primeira vez do FESTin: “é uma mostra especial. Estou com uma impressão muito positiva do festival, que foge do padrão empresarial. É feito com afeto, dedicação e acolhimento; dá oportunidade para os cineastas e visibilidade”.

jane-azeredo_gato-pretoA atriz Jane Azeredo participou do filme e também está em Lisboa para o FESTin: “estou sentindo aconchego e competência, vendo que é um trabalho insano fazer um festival, superar as dificuldades, conseguir levar a frente o projeto. Estou pela primeira vez em Lisboa e é uma experiência maravilhosa: participar como atriz de A Lenda do Gato Preto, assistir os filmes e ver outras experiências”. Mais informações sobre o filme podem ser encontradas nesse link.

O FESTin é organizado pela ASCULP- Associação Cultura e Cidadania da Língua Portuguesa, em coprodução com o Cinema São Jorge e parceria estratégica com a EGEAC – Empresa de Gestão de Equipamentos e Animação Cultural, E.E.M. e conta com o apoio financeiro da CML – Câmara Municipal de Lisboa (CML).