
O Festival de Cinema Itinerante da Língua Portuguesa (FESTin) chega à sua décima edição, que vai decorrer entre 15 e 22 de maio, e divulga hoje a sua programação em conferência de imprensa no Hotel de Roma, em Lisboa.
Para comemorar uma década de resistência a exibir apenas títulos de língua portuguesa, o festival está ampliando os seus espaços: para além do tradicional Cinema São Jorge e da retomada da parceria com o Instituto Cervantes, o Fórum Lisboa (Av. de Roma) servirá de base para a sessão de abertura e o Cinema City Alvalade sediará a totalidade das sessões competitivas do FESTin.
Destaques da programação
Entre curtas e longas-metragens serão exibidos 45 filmes na nova edição. O Brasil, que há alguns anos conta com uma produção excecional em termos de quantidade e qualidade, fornecerá os seis títulos da Competição de ficção.
Na mostra competitiva e dentro da vastidão da produção atual, os mais variados formatos estéticos e temáticos surgem em filmes como “Aos Teus Olhos”, obra de Carolina Jabor escolhida para a abrir o festival e que aborda de forma eletrizante um tema crucial: o linchamento público através das suspeitas, de assédio sexual, neste caso, espalhadas através de aplicativos e redes sociais.
Em “Ferrugem” estas surgem utilizadas pelos adolescentes e o drama intenso de Aly Muritiba (“Para a Minha Amada Morta”), estreada em Sundance, relata uma tragédia causada por esse uso. Dramas mais intimistas surgem em “Unicórnio”, selecionada para o Festival de Berlim, “Boni Bonita”, “Todas as Canções de Amor” e “O Olho e a Faca” – todas obras marcadas pela maturidade técnica e pelo afastamento dos mecanismos narrativos mais convencionais.
A Competição de Documentários traz filmes das mais diversas proveniências lusófonas: o angolano “Início do Fim” narra a realidade da imprensa e da democracia após as eleições do país em 1992, enquanto a coprodução entre Portugal e Cabo Verde “Tarrafal – Dez Pancadas no Carril“ aborda a representação emblemática da repressão salazarista; “Missão 115” reconstrói um atentado à bomba que tentava frustrar a democratização do Brasil, em 1981.
Num outro enfoque, as problemáticas do universo feminino surgem em três obras muito diferentes: o português “Marias da Sé” capta um grupo especial de mulheres em meio a turistas e frequentadores da Sé do Porto, “Saudade Mundão” narra as desigualdades sociais acompanhando cinco detentas do presídio de Franca, no Brasil, enquanto em “Lusófonas” quatro países (Angola, Moçambique, Portugal e Brasil) são unidos por representantes das diferentes realidades destes países. Mais intimista, em “O Incerto Lugar do Desejo” uma mulher analisa o papel deste item na sua vida. De Moçambique chega ainda “O Menino Escritor”, a história de uma criança que ganha dinheiro nas ruas a memorizar livros.
Fora da Competição, o universo indígena é o foco de “Ex-Pajé”, obra de Luiz Bolognesi estreada no Festival de Berlim, enquanto “Karingana – Licença para Contar”, é um belo ensaio que reuniu a cantora brasileira Maria Bethânia e os escritores Mia Couto, moçambicano, e José Eduardo Agualusa, angolano.
Outras seções incluem a Competição de Curtas-Metragens, a Mostra do Cinema Brasileiro, o FESTin + para 3ª idade e a Mostra Latim – a Língua em Movimento.
Entre as atividades paralelas os destaques serão a “masterclass” da argumentista Júlia Priolli, atualmente analista de projetos do canal Fox Brasil, e a mesa redonda sobre coprodução audiovisual entre países da língua portuguesa.
O FESTin é organizado pela ASCULP – Associação Cultura e Cidadania da Língua Portuguesa e realizado pela Padrão Actual, em coprodução com Producers NGM Produções e Promoções, e parceria estratégica com a Câmara de Lisboa.
Pela primeira vez o FESTin conta com o financiamento do Fundo Setorial do Audiovisual, fundo audiovisual brasileiro gerenciado pela ANCINE (Agência Nacional de Cinema), BRDE (Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul) e pela Secretaria do Audiovisual / Secretaria Especial da Cultura do Ministério da Cidadania do Brasil.”