Em março, Niterói recebe a 1ª edição do FESTin, online e gratuita

O doc, Tokio Mao, de Marina Pessanha, é uma das atrações do FESTin ON Niterói

Curtas e longas-metragens compõem a “itinerância online” do festival, que conta com produções de quatro realizadores niteroienses.

Imagina poder participar de um festival onde algumas das melhores produções cinematográficas em língua portuguesa vão estar disponíveis para si? É assim em FESTin ON Niterói, mostra gratuita e online, responsável por exibir, entre os dias 11 a 29 de março, o melhor do cinema em língua portuguesa, através da plataforma de streaming www.festinon.com. Basta uma inscrição para ter acesso à cultura, hábitos e sotaques de países que integram a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

Trata-se da primeira vez que o FESTin desembarca, ainda que virtualmente, na região do Rio de Janeiro, nomeadamente na cidade de Niterói, reconhecida não somente pelas obras do arquiteto Oscar Niemeyer, mas também pela sua recente produção audiovisual. A novidade desta itinerância do FESTin é que os talentosos profissionais do audiovisual local também participam da mostra, com suas premiadas produções. O ingresso da cidade na rede de itinerâncias do FESTin faz jus a alguns fatores relevantes, como o de abrigar uma das mais importantes faculdades de cinema do Brasil e de ser considerada a “cidade do audiovisual” do Estado do Rio, título que tomou para si desde 2018. Esta participação foi possível em função da parceria da Casa da Gente Produções com a Associação Cultura e Cidadania de Língua Portuguesa (ASCULP), responsável pela realização do FESTin – Festival de Cinema Itinerante da Língua Portuguesa.

O objetivo dessa parceria, que conta com o apoio do Governo Federal do Brasil, Governo do Estado do Rio de Janeiro e da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro, através da Lei Aldir Blanc, é promover um intercâmbio entre os realizadores e suas mais distintas obras. A programação envolve a exibição de 14 curtas-metragens e 4 longas-metragens, além de promover debates online que vão reunir realizadores de Niterói e de diversos países. Além dos filmes brasileiros, o público poderá apreciar produções de Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.

Desta itinerância online, também estimulada pela União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa (UCCLA), o objetivo é fomentar a interculturalidade, a inclusão social e o intercâmbio cultural dos países que têm o português como a língua oficial. E isso ocorre em função da atmosfera criada pelo festival, que exibe diferentes culturas e práticas, estabelecendo um respeito mútuo à diversidade dos participantes. No caso de Niterói, esse é o momento ímpar para apresentar o melhor da sua cinematografia.

As diretoras do FESTin, Adriana Niemeyer e Léa Teixeira, acreditam que o grande atrativo do festival é o seu caráter itinerante e o intercâmbio entre sotaques e culturas dos mais variados países. Para Niterói, o interessante dessa mostra, além do ineditismo, é que os niteroienses vão poder “enxergar uma outra África”. “Procuramos fazer uma abordagem geral dos filmes que representam os países que integram a comunidade da língua portuguesa”, reflete Adriana. Léa ressaltou uma característica marcante de Niterói: além da qualidade do seu patrimônio cultural e histórico, e de ser uma das cidades mais importantes do Brasil, possui uma cultura marcada pela diversidade, uma marca do FESTin.

De acordo com Luana Dias, que assina a direção geral do FESTin ON Niterói, é “imensa a alegria em poder fomentar este diálogo entre as produções audiovisuais dos países de língua portuguesa e de Niterói”.  “Com essa mostra, o público brasileiro, em especial o do estado do RJ, terá acesso a obras cinematográficas nunca ou raramente exibidas no Brasil, que retratam toda a diversidade e riqueza cultural dos países de língua portuguesa, com especial destaque para a produção dos países africanos. Paralelamente, o público dos demais países da CPLP poderá assistir aos filmes dos realizadores de Niterói, apostando também em talentos e empresas locais”, conclui.

Por dentro da produção niteroiense

Os quatro niteroienses que têm se destacado em suas recentes trajetórias e que fazem parte dessa mostra são Ivan de Angelis, Marina Pessanha, Rosa Miranda e Éthel Oliveira. Algumas dessas produções foram premiadas em vários festivais. Além da exibição, eles também vão marcar presença no “Conexões FESTin ON Niterói”, rodas de debate com temáticas voltadas ao desenvolvimento do cinema na cidade.  

  • “Abismo” – A curta, realizada por Ivan de Angelis, um dos organizadores do Cine Solar do Jambeiro, destacou-se entre as demais, recebendo diversos prémios. Sinopse: Durante 40 anos Juvenal trabalhou como porteiro de um edifício. Por fim, acaba se tornando um prisioneiro.
  • “Tokio Mao – O Último Kamikaze” – A guionista e realizadora de documentários e programas de TV, Marina Pessanha, explorou o universo de Tokio Mao. Sinopse: Trata-se de um ex-piloto kamikaze de 91 anos, que sobrevive à guerra e vai parar no Brasil por conta de um trabalho como engenheiro químico. Ele nunca mais voltou para o Japão, tornando-se professor de karatê em Niterói, há mais de 40 anos. Prémio: Melhor Filme no Festival Cine Esporte 2019.
  • “Privilégios” – A guionista, pesquisadora e realizadora Rosa Miranda produziu um documentário sobre um tema pontual. Sinopse: Realizada durante as ocupações do Instituto de Artes e Comunicação da Universidade Federal Fluminense, a curta propõe uma reflexão sobre os privilégios que se tem na sociedade. Prémios: Rosa conquistou o prémio no Festival EngeCine 2018 de Melhor Documentário com o seu filme “Lua”.
  • “Arremate” – Documentarista, cineclubista e montadora, Éthel Oliveira optou por um filme de curta duração, apoiado na teoria existencialista. Sinopse: O documentário se passa em uma confecção de roupas, onde, além das roupas, constroem-se tramas de afeto que transitam entre a região da Baixada Fluminense e o bairro da Lapa, no Rio de Janeiro.

Alguns destaques da programação

PORTUGAL – O documentário “Os Últimos Dias”, realizado por Cristina Ferreira Gomes, foi premiado no 11º FESTin Lisboa – Festival de Cinema Itinerante da Língua Portuguesa, em 2020. O filme revela um olhar íntimo para a atividade de jornalistas independentes e para a vida das famílias que habitam um prédio de ocupação, revelando o drama diário, crescente e intenso sentido na sociedade brasileira. E tudo isso se passa nos derradeiros dias da campanha para as eleições presidenciais brasileiras de 2018.

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CABO VERDE / PORTUGAL – “Os Dois Irmãos” é outro destaque da programação. O filme, dirigido por Francisco Manso, se desenrola em torno de um imigrante em Lisboa, André. Após receber uma carta do pai, ele se vê obrigado a regressar a Cabo Verde com a missão de limpar a honra da família. Mas, acaba se sentindo dividido entre a pressão do pai e da aldeia, e a amizade e ternura que sente pelo irmão, João.

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MOÇAMBIQUE – “A Gravidez é Nossa” é uma curta de David Aguacheiro e Tina Krüger que retrata as diferentes fases de quatro homens que vivem uma comunidade rural moçambicana. Esse período vai, desde a primeira namorada até a espera pelo primeiro filho ou o casamento de muitos anos. O que eles têm em comum é o desejo de mudar a maneira tradicional como os homens da sua comunidade enxergam a contracepção, a gravidez, o cuidado com as crianças e as tarefas domésticas. O filme recebeu menção honrosa no 11º FESTin Lisboa de 2020.